domingo, 13 de março de 2011

Charlie Sheen interpreta a sí mesmo, quando interpreta Charlie Harper

'Two and a Half Men'. Foto: Divulgação
A história até parece uma bem urdida peça de propaganda da direita americana: seriado a respeito de homem solteiro que leva uma vida prazerosa com pouco trabalho, muitas mulheres bonitas e bebidas em quantidades industriais, termina com seu ator protagonista envolvido com crack, álcool e cocaína. É, em resumo, o que aconteceu nas oito temporadas de Two and a Half Men, que a Warner e o SBT, que traduz seu nome para Dois Homens e Meio, exibem no Brasil.

Tudo bem, Charlie Sheen não era nenhum santo quando foi chamado para assumir o papel de Charlie Harper, um autor de jingles que vive numa casa de praia em Malibu cercado por beldades e por seu atrapalhado irmão e sobrinho aparvalhado. Sheen já tinha um histórico de problemas com drogas, bebidas e prostitutas e, como muitas vezes acontece na escalação de filmes e folhetins mundo afora, nada mais coerente que chamar um bonitão arruaceiro para fazer o papel de um bonitão arruaceiro.

Two and a Half Men tinha o melhor do seriado americano: um texto inteligente recheado de piadas curtas sobre trabalho, família e relacionamento com uma ironia poucas vezes vistas na televisão. Com seu desprezo absoluto por qualquer instituição e por qualquer coisa que não se revertesse em sexo e bebedeira, o libertino da Califórnia tornou-se um ídolo nos 45 países do mundo onde é exibido. Sheen, é claro, nunca foi além de umas duas ou três caretas e um erguer de sobrancelhas. Mas Jon Cryer, que faz seu irmão Alan, é um "clown" digno da tradição de Jerry Lewis e outros coadjuvantes mantêm a bola do seriado bem cheia. Além disso, o número de convidados especiais, em pequenos papéis ou "cameos" (aparições ligeiras)ajudam na diversão. Megan Fox, Elvis Costello, Sean Penn, Steven Tyler, Brooke Shields e o grupo de rock ZZ Top já estiveram por lá.

Charlie Sheen foi muito bem enquanto pôde, até brigar com seu produtor e ter a série cancelada. Em entrevistas, mostrou-se orgulhoso de ter fumado crack e beber muito, coisas a que ele é capaz de resistir por ter "um cérebro diferente", garante. Talvez. E, enquanto os fãs da série lamentam seu fim, o ex-Don Juan de Malibu anuncia uma viagem para o Caribe com a ex-mulher, a amante e uma atriz de filme pornô. É quase tentadora a ideia de encerrar a história de Two and a Half Men com um desfecho moralista e que a dissipação completa sempre termina em completa derrocada. Mas a vida sem laços de Charlie Harper é apenas a hipérbole de um individualismo mais amplo e sinistro. A diferença é que o personagem e Sheen, em sua melhor interpretação de si mesmo, faz aquilo com que muitos sonham. Sem medo de pecar.

Two and a Half Men:

SBT

Segundas, quartas e quintas, à 1h. Terças e sextas, às 2h.

Warner

Todos os dias, às 12h e 12h30 e em outros horários variados.


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