domingo, 30 de outubro de 2011

Psoríase impacta a qualidade de vida e piora com estresse e ansiedade

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Quase 80% dos 1.098 pacientes participantes do levantamento Convivendo com a Psoríase, feito em São Paulo, apontam a diminuição na qualidade de vida por conta da doença. Realizado pela equipe do dermatologista Cid Sabbag, diretor do Centro Brasileiro de Psoríase, e com apoio da Pfizer, o levantamento mostra que a doença afeta de maneira importante a rotina dos pacientes, já que 63% dizem abandonar atividades ou hábitos devido à psoríase, como frequentar praias e piscinas; vestir bermudas, saias, decotes; deixam de praticar esportes e até mesmo frequentar festas, teatros ou desistem de passeios.

Os pacientes concordam também que fatores emocionais agravam o quadro da doença: 36% dos participantes apontaram estresse, nervosismo, aborrecimento, ansiedade, entre outros, como gatilhos para a piora da enfermidade. “Isso não significa que a psoríase é uma doença psicossomática”, esclarece Cid Sabbag. “É uma enfermidade não contagiosa, que atinge o sistema imunológico e acomete pessoas geneticamente predispostas, podendo até ser desencadeada por diferentes fatores – entre eles estresse, quadros infecciosos, traumas e irritações na pele, uso de alguns medicamentos à base de corticoide, entre outros”, complementa.

Fatores ambientais podem estar relacionados à psoríase, especialmente no inverno, quando a pele fica mais seca. Não à toa, 41% dos pacientes reconheceram a piora da doença no inverno.

No verão, o problema é outro: apesar das possíveis complicações, o preconceito ainda é uma das principais consequências da psoríase, devido ao aspecto desagradável das lesões. “Não é raro vermos pessoas com psoríase usando blusas de mangas compridas e calças em dias quentes para esconder os sinais da doença”, relata Sabbag. Muitos pacientes acabam se isolando para evitar situações constrangedoras no local de trabalho, de lazer ou esporte.

Outras complicações relacionadas à psoríase são o aumento do colesterol e triglicérides, obesidade abdominal e hipertensão arterial (quadro denominado de síndrome metabólica) – especialmente em pacientes que já têm a doença há muito tempo. O levantamento aponta esta tendência, já que 25% dos participantes afirmavam ter índices elevados de colesterol e triglicérides; enquanto 22% apresentavam hipertensão arterial; e 38% admitiram estar acima do peso ou obesos.

Quando questionados sobre relacionamentos, 38% não encontram dificuldades em namorar, enquanto 20% afirmam ter um pouco de dificuldade e 8% admitem ter muita ou muitíssima dificuldade. Em contrapartida, 29% assumem sentir-se um pouco envergonhados no relacionamento e outros 18% apontam muita ou muitíssima vergonha.

Ainda em relação a questões afetivas, 29% dos pacientes já evitaram situações íntimas com o(a) companheiro(a) devido à doença; 48% se sentem fisicamente pouco atraentes ou sexualmente indesejáveis quando encontram-se em uma fase mais crítica; outros 15% acreditam que antes de serem acometidos pela psoríase recebiam mais carinho e eram mais tocados pelas pessoas.

Os questionários do levantamento abordaram ainda o tabagismo e álcool: 19% dos pacientes respondentes disseram fumar uma média de 13 cigarros por dia, enquanto 36% afirmaram consumir bebidas alcoólicas aos finais de semana. “Os hábitos de beber e fumar podem ser um reflexo da ansiedade gerada pelo preconceito sofrido por estes pacientes – já que a psoríase provoca manchas, placas avermelhadas na pele e descamação, diversas vezes confundidas com enfermidades contagiosas”, relaciona Sabbag. “Vale lembrar que nicotina e a gordura abdominal liberam substâncias inflamatórias que agravam ainda mais a psoríase, formando um círculo vicioso”, completa.

Em relação ao tratamento utilizado pelos participantes, foram citados 112 medicamentos entre tópicos, orais e xampus. Porém, 57% deles mostraram-se insatisfeitos com as terapias. “Atualmente existem opções eficazes que podem manter a psoríase sob controle”, explica Sabbag. “Às vezes, o paciente pode não ter recebido a indicação correta de tratamento para seu perfil ou, ainda, pode ser que ele não esteja seguindo as orientações médicas corretamente”, analisa. O especialista ainda ressalta que muitos pacientes utilizam medicamentos corticoides orais ou tópicos, que só ajudam a disseminar ainda mais a psoríase – fazendo com que a doença chegue a atingir 100% do corpo. “É o mesmo que tratar um alcoólatra com pinga”, alerta Sabbag.

Apesar de não ter cura, a psoríase pode ser controlada com diferentes alternativas de medicamentos orais, como imunossupressores e retinoides; ou de aplicação subcutânea como os medicamentos imunobiológicos. Estes últimos são feitos a partir de células vivas (caso da produção de vacinas e insulina), a exemplo do etanercepte, indicado para psoríase cutânea e artropática que atua bloqueando o Fator de Necrose Tumoral – TNF (espécie de proteína que estimula a inflamação), produzido em excesso, e interrompe assim a cascata inflamatória que está associada à psoríase. Porém, somente o acompanhamento médico pode oferecer a segurança e melhora do paciente. Tratar-se por conta própria, nem pensar: mesmo cremes ou pomadas podem mascarar ou agravar a doença, além de gerar efeitos colaterais desagradáveis.

Sobre Convivendo com a Psoríase

O levantamento tem como objetivo conhecer melhor os pacientes, hábitos em relação ao acompanhamento do dermatologista, além de identificar o tipo da doença, gravidade e impacto desta enfermidade na vida pessoal e profissional dessas pessoas. Para isso, com coordenação do dermatologista Cid Sabbag e apoio da Pfizer, ao longo de 2009 e 2010, questionários foram entregues e preenchidos pelos próprios pacientes que passaram por consultório particular (Clínica Sabbag), hospital público (Hospital Ipiranga) e pela Câmara Municipal de São Paulo, durante o Encontro Municipal de Psoríase (8ª e 9ª edições, organizado pelo Centro Brasileiro de Estudos em Psoríase). No total, 1.098 questionários foram compilados pelo TCA Pesquisa e Assessoria de Marketing e divulgados à imprensa, em outubro de 2011.

Sobre psoríase

“Cerca de três milhões de brasileiros têm psoríase”, enumera o dermatologista. A doença inflamatória crônica afeta a pele e pode atingir também as articulações, provoca manchas e placas avermelhadas na pele com escamas brancas, que geralmente concentram-se nos cotovelos, joelhos, couro cabeludo e dorso inferior. Porém, elas podem se espalhar por toda a pele, afetando também as unhas.

A enfermidade pode ainda atingir as articulações, tendões e ossos – a chamada artrite psoriásica. Quando não diagnosticados precocemente ou tratados corretamente, os pacientes podem sofrer deformidades permanentes, que levam ao afastamento do trabalho ou aposentadoria precoce, dor e perda ainda maior de qualidade de vida. “Percebemos que poucas pessoas sabem disso e não comentam com o dermatologista que têm tendinite, bursite ou lombalgia, por exemplo”, alerta o médico. “Segundo o levantamento, 8% dos pacientes disseram ter este tipo de psoríase”, aponta o especialista.

Não se conhece a causa da psoríase, porém, a hereditariedade também está relacionada ao aparecimento da doença: em cerca de 30% dos casos, existem portadores de psoríase na família do paciente. Geralmente, não há dificuldades no diagnóstico, que é feito durante consulta com o dermatologista.

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